Bernardo y Valdovinos

Versión de Vinhais (Portugal). Recogida por José Leite de Vasconcellos 1958-1960, en "Romanceiro Português"

 
 

em se passeia Bernardo              pela ribeira d` Hungria;
duzentos cavalos leva,                   todos ganhara num dia.
Bem o mirava seu tio                           da sala onde dormia.
-Ó Bernardo, ó Bernardo,                  a terça parte era minha.
-Tome-os todos, meu tio,             que para mim eu ganharia.
-Houlá, houlá, ó Bernardo,                  não botes tal fantasia,
que o que se ganha num ano           logo se perde num dia.
-Aqui falta Oliveiros,                            a saber dele quem iria?
-Irás tu, ó meu Bernardo,                        escusa não haveria.
-Como irei eu, meu tio,         homem a quem eu não queria?
-Tens d` ir tu, ó Bernardo,                   escusa não haveria.--
Montado no seu cavalo                   a saber d` Oliveiros ia.
Encontrou-o descansando           à sombra da verde oliva,
com a casca da laranja           curando uma mortal ferida.
-Quem te feriu, Oliveiros,               quem te fez essa ferida?
-Deus te defenda, Bernardo,  de quem me fez esta ferida.
Foi o mouro maioral                 que lá na Mourama havia.
Sete palmos tem d` espada     e três de cara estendida;
montado no seu cavalo           parece uma torre erguida.
-Quem me dera ver tal mouro, que eu com ele batalharia. --
O mouro, que o ouviu,                  d` alta torre onde vivia:
-Correrei atrás de ti                         catorze léguas num dia.
-De correr trás de Bernardo,              mouro, eu te livraria.
O ferires a Oliveiros                     não foi grande valentia;
tem dezesseis anos de idade,     da guerra nada sabia.
-Quem na cara me desmente       ao campo me desafia.--
Deu-lhe uma espadagada,             o coração lhe partia.
-Mal o hajas tu, Bernardo,                mai` la tua fantasia!
Tu mataste o maior mouro    que lá na Mourama havia.
-Se matei o maior mouro,           isso era o que eu queria;
corre agora após Bernardo    catorze léguas num dia.-

 
 

Bernal Francés

Versión de Alagoas (Brasil). Recogida por José Aloísio Brandão Vilela, "Romanceiro alagoano" 1983

 
 

um, tum, tum. -Quem bate aí?               isto é hora de dormir;
se for Bernardo Francês                            a porta eu irei abrir.--
No descer da minha cama              meu chapim já se quebrou;
no abrir da minha porta                             a candeia se apagou.
-Que tens Bernardo Francês               que não te viras pra mim?
Se tu temes a meu pai,                              ele cá não há de vir.
Se temes a minha mãe,                        ainda agora saiu daqui.
Se temes os meus irmãos,                      eles cá não há de vir.
Se temes o meu marido,                           ele cá não há de vir,
que ele foi pra mar e guerra .
mar e guerra o persiga,                   má nova me chegue aqui.
-Eu não temo o teu pai,                          que ele sogro é de mim;
eu não temo a tua mãe,                     que ela sogra é de mim;
eu não temo teus irmãos,        que eles meus cunhados são;
eu não temo teu marido,                 que ele está ao par de ti.
-Matai-me senhor, matai-me,         da morte que eu merecer;
que estou com o marido em braços, mas não pude o conhecer.
Não me matai-me de faca              nem também de bizarria;
matai-me de franja e toalha,       que e morte de fidalguia.-
-Que cavaleiro é esse que                        já vai passando aqui?
-Teus amores minha dama,                     que já ia ao par de ti.
Te pergunto, minha dama,             como passasses por cá,
como quem carrega lenha        para si mesmo se queimar.
-Peço-te, Bernardo Francês,                  por obras de alecrim
a mulher que tu tiveres não       queiras bem como a mim.
A filha que tu tiveres                     botas o nome de Jasmim
quando chamares por ela,  te alembras sempre de mim.-

 
 

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